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Catecismo Menor - Introdução

Foto do escritor: Rev. Filipe Schuambach LopesRev. Filipe Schuambach Lopes

Criado para auxiliar os estudantes a compreender e aplicar o Catecismo Menor de Lutero, a seguinte seção, assim como aquelas encontradas em edições anteriores, não foi escrita pelo Dr. Lutero. No entanto, uma seção com explicações tem acompanhado regularmente as edições do Catecismo Menor de Lutero desde os primeiros dias do luteranismo.


INTRODUÇÃO

1. O que é a fé cristã?

A fé cristã é a confissão de que Jesus Cristo é o único Salvador e Redentor do mundo.

  • João 14.6 Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

  • Atos 4.12 E não há salvação em nenhum outro, porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.

  • 1João 5.11–12 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está no seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.

Nota: Inicialmente, o cristianismo era chamado de “o Caminho” (Atos 9.2; 24.14, 22). A palavra “cristão” foi usada pela primeira vez em Antioquia (Atos 11.26). Esta pergunta aborda o conteúdo da fé que confessamos como cristãos. Mais adiante, descrevemos a fé pela qual cada cristão individual confia em Jesus.

 

2. Quem é Jesus Cristo?

Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem em uma única pessoa. Ele é o eterno Filho do Pai, concebido pelo Espírito Santo e nascido da virgem Maria para ser nosso Salvador e Senhor. Aquele Deus que se tornou carne na pessoa do Filho, Jesus Cristo, é o único Deus verdadeiro, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

  • João 17.3 E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

  • Mateus 28.19 Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,


Nota: Em Mateus 3.13–17, ouvimos a voz do Pai quando Ele derrama o Espírito Santo sobre Jesus em seu Batismo.

 

3. O que fez este único Deus?

Deus criou todas as coisas e ama Sua criação, especialmente Suas criaturas humanas.[1] Desde nossos primeiros pais, toda a humanidade se rebelou contra Ele e caiu nas trevas, no pecado e na morte. Deus Pai enviou seu único Filho ao mundo para tornar-se homem, redimir e salvar a humanidade por meio de sua morte e ressurreição. Deus enviou seu Espírito para que as pessoas pudessem pertencer a Ele novamente pela fé em seu Filho, Jesus, que é a única esperança, vida e salvação do mundo.

  • Romanos 6.23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

  • João 3.16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

  • Gálatas 4.4–5 Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.

4. O que é um cristão?

Um cristão é alguém que, pelo poder e obra do Espírito Santo através da Palavra de Deus, crê em Jesus como Senhor e Salvador, e o confessa como tal. Por meio do Batismo, o cristão é adotado na família do Pai: a igreja.

  • Romanos 8.15 Porque vocês não receberam um espírito de escravidão, para viverem outra vez atemorizados, mas receberam o Espírito de adoção, por meio do qual clamamos: “Aba, Pai.”

  • Romanos 10.10 Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa para a salvação.

  • 1Coríntios 6.11 Alguns de vocês eram assim. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.

  • 1Coríntios 12.3 Por isso, quero que entendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: “Anátema, Jesus!” Por outro lado, ninguém pode dizer: “Senhor Jesus!”, senão pelo Espírito Santo.

5. O que significa confessar a Jesus Cristo como meu Senhor?

Confessar a Jesus como meu Senhor significa que confio que Ele é meu Salvador e meu Deus na vida e na morte. Por meio de Sua vida e ressurreição, todos os meus pecados foram expiados e minha ressurreição para a vida eterna foi assegurada. Eu sou dEle e quero viver para Ele.

  • João 20.28 Ao que Tomé lhe respondeu: — Senhor meu e Deus meu!

  • Romanos 6.23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

  • Romanos 10.9, 13 Se com a boca você confessar Jesus como Senhor e em seu coração crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será salvo. Porque: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”

  • Lucas 6.46 Por que vocês me chamam “Senhor, Senhor!”, e não fazem o que eu mando?

  • Colossenses 2.6–7 Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele, estando enraizados e edificados nele, e confirmados na fé, como foi ensinado a vocês, crescendo em ação de graças.

Nota: Em Romanos 10:13, Paulo cita Joel 2.32, identificando assim Jesus como Senhor (nome pessoal de Deus no Antigo Testamento; ver Pergunta 42 sobre o nome de Deus, mais adiante).


6. Onde aprendemos sobre Jesus?

A verdade de Deus sobre Jesus Cristo é revelada na Bíblia e é a mensagem central dela. A essa verdade chamamos evangelho, ou seja, a promessa do perdão dos pecados pelo amor de Jesus.

  • João 5.39 Vocês examinam as Escrituras, porque julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.

  • João 20.31 Estes, porém, foram registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em seu nome.

  • 2Timóteo 3.15 e que, desde a infância, você conhece as sagradas letras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.

7. O que é a Bíblia?

A Bíblia reúne as escrituras dos profetas e apóstolos escolhidos por Deus ao longo de mais de mil anos. Através do Espírito Santo, Deus mesmo deu a esses escritores os pensamentos e as palavras que registraram (inspiração verbal), de modo que a Bíblia é a palavra de Deus. Por essa razão, as Escrituras são infalíveis (incapazes de cometer erro) e inerrantes (não contêm nenhum erro). Portanto, a Sagrada Escritura é totalmente confiável e nos dá tudo o que precisamos saber e crer para a fé e a vida cristãs.

  • Hebreus 1.1–2 Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo.

  • Efésios 2.19–20 Assim, vocês não são mais estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular.

  • 2Timóteo 3.16–17 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

  • 2Pedro 1.21 porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.

8. Por que podemos ter confiança de que a Bíblia é a palavra de Deus autoritativa e inerrante?

No Evangelho, o mensagem central da Bíblia, Deus nos promete uma nova vida com base na vida, morte e ressurreição de Jesus. Apenas as promessas de Deus criam fé em Jesus Cristo. Jesus mesmo, em quem confiamos, declara que todas as Escrituras são as palavras de Deus, completamente confiáveis em tudo o que ensinam e sem erro.

A. Jesus utiliza as Escrituras do Antigo Testamento como palavra de Deus. Continuamente ratifica a Escritura como autoritativa com frases como “Está escrito” e “Vocês não leram?” (Mateus 4.4, 7, 10; 19.4). Ele assegura que a Escritura não pode ser quebrada (João 10.35).

B. Jesus se atribui essa mesma autoridade, dizendo, por exemplo: “Eu, porém, lhes digo” (Mateus 5.22, 28, 32), ou “Em verdade, em verdade lhes digo” (João 6.47; ver também João 5.47), ou manifestando explicitamente que suas palavras são espírito e vida (João 6.63; ver também João 8.31–32).

C. Assim como Deus chamou e autorizou os profetas no Antigo Testamento, colocou suas palavras em suas bocas e cumpriu suas profecias, Jesus também chamou e autorizou suas testemunhas apostólicas para falarem de sua Palavra, guiados por seu Espírito (Lucas 10.16; João 14.26; Atos 1.8; 2Pedro 1.16–21; 1João 1.1–4).

Nota: Acreditamos que a palavra de Deus tem poder em si mesma para convencer o leitor ou ouvinte de sua autoridade. Por ser a palavra de Deus, ela se autentica a si mesma. A palavra de Deus faz o que diz. Leia Isaías 55.10–11.


9. Usamos a razão humana para entender a Bíblia?

Sim, mas a razão humana deve ser usada dentro de limites apropriados, como serva do texto. Para entender corretamente o significado da Bíblia, a orientação do Espírito Santo é essencial.

A. Como a Escritura está redigida em linguagem humana, para ler e compreender corretamente o que ela diz, devemos usar humildemente nossa razão humana em questões como contexto, gramática e lógica.

  • Salmo 119.73 As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me entendimento para que eu aprenda os teus mandamentos.

  • Mateus 22.37 Jesus respondeu: — “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.”

  • Atos 17.11 Ora, estes de Bereia eram mais nobres do que os de Tessalônica, pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.

B. Por ser a Bíblia a palavra de Deus e, ao contrário de todos os outros livros, inspirada e sem erro, é um equívoco usar a razão humana para questionar ou negar sua veracidade.

  • Romanos 3.4 De modo nenhum! Seja Deus verdadeiro, e todo ser humano, mentiroso, como está escrito: “Para que sejas justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado.”

  • 2Coríntios 10.5 e toda arrogância que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento à obediência de Cristo.

  • Colossenses 2.8 Tenham cuidado para que ninguém venha a enredá-los com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.

  • 2Timóteo 4.3-4 Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se rodearão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.

  • 2Pedro 3.15-16 E considerem a longanimidade do nosso Senhor como oportunidade de salvação, como também o nosso amado irmão Paulo escreveu a vocês, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar a respeito destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas cartas. Nelas há certas coisas difíceis de entender, que aqueles que não têm instrução e são instáveis deturparão, como também deturparão as demais Escrituras, para a própria destruição deles.

Nota: O fato de a Bíblia estar escrita em linguagem humana não implica falibilidade nem erro. Aqui, a encarnação guia nosso pensamento. Jesus foi verdadeiro homem, sem pecado, e verdadeiro Deus. Assim também, a Bíblia é verdadeiramente humana, sem erro e verdadeiramente divina: a palavra de Deus em palavras dos homens (Hebreus 4.15 e 2Pedro 1.20–21). Por esta razão, a veracidade da Bíblia não deve ser questionada nem negada (como faz, por exemplo, a crítica histórica).

 

10. Quais são as duas grandes doutrinas da Bíblia?

Lei e Evangelho são as duas grandes doutrinas da Bíblia. Devemos distinguir claramente entre a Lei e o Evangelho para entender corretamente a Bíblia.

  • 2Timóteo 2.15 Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

 

11. Qual é a diferença entre a Lei e o Evangelho?

A Lei ensina o que devemos fazer e o que não devemos fazer; o Evangelho ensina o que Deus fez, e continua fazendo, em Jesus, para a nossa salvação.

A Lei nos mostra nosso pecado e a ira de Deus; o Evangelho nos mostra nosso Salvador e traz a graça e o favor de Deus.

A Lei deve ser proclamada a todas as pessoas, mas especialmente aos pecadores que se recusam a se arrepender; o Evangelho deve ser proclamado aos pecadores que estão aflitos por seus pecados.

  • Romanos 3.20 Porque ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.

  • João 6.63 O Espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que eu lhes tenho falado são espírito e são vida.

  • Romanos 1.16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

Nota: Consulte a Declaração Sólida da Fórmula de Concórdia, Artigo V, para uma explicação mais completa de Lei e Evangelho.

 

12. O que é o Catecismo Menor?

Por séculos, os cristãos têm utilizado três textos importantes como resumo básico para ensinar a fé e a vida cristãs: os Dez Mandamentos, o Credo e o Pai Nosso. Martinho Lutero incluiu passagens úteis da Bíblia sobre o Batismo, a Confissão e a Santa Ceia. O Catecismo Menor, escrito por Lutero em 1529, inclui esses textos juntamente com breves explicações (ver a primeira parte deste livro). Esta seção explicativa ampliada está preparada como ferramenta de ensino e aprendizado.

 

13. Quais são as partes centrais, ou principais, do ensino e da vida cristã?

As seguintes seis partes do catecismo são os ensinamentos centrais, ou Seis Partes Principais da Doutrina Cristã:

  1. Deus revela sua vontade através dos Dez Mandamentos, que resumem como Deus deseja que o amemos a Ele e ao nosso próximo, e também revelam nosso pecado e nossa incapacidade de cumprir a Lei de Deus.

  2. O Credo resume quem é Deus e o que Ele fez pelo mundo: criar e preservar todas as coisas por amor paternal; redimir o mundo na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus; e chamar e reunir os crentes na igreja pelo Espírito Santo.

  3. No Pai Nosso, Deus Filho ensina aos cristãos como orar como filhos amados de Deus, com a confiança de que nossa oração O agrada e é para o nosso bem.

  4. A Escritura nos ensina que no Santo Batismo somos limpos de nossos pecados e pertencemos ao único e verdadeiro Deus, Pai, Filho e Espírito, em quem confiamos para vida e salvação.

  5. Como filhos crentes e batizados de Deus, ainda temos dificuldades com os pecados de pensamento, palavra e obra. Mas Deus, misericordiosamente, deu autoridade especial à Sua igreja na terra para perdoar os pecados dos penitentes e não perdoar aqueles que não se arrependem (Ofício das Chaves e Confissão).

  6. Deus recebe seus filhos no Sacramento do Altar (Santa Ceia), onde Cristo nos dá seu corpo para comermos e seu sangue para bebermos com pão e vinho para o perdão de nossos pecados e para fortalecer nossa fé.

 

14. O que é a Confirmação?

A Confirmação é um rito público da igreja precedido por um período de instrução, no qual os cristãos batizados aprendem sobre a confissão, a vida e a missão da igreja cristã.


Nota: Antes da admissão à Santa Ceia, é necessário ser instruído na fé cristã (1Coríntios 11.28). O rito da Confirmação proporciona ao cristão, que confia na promessa de Deus dada no Santo Batismo, fazer uma confissão pessoal pública da fé e um compromisso de fidelidade a Cristo ao longo da vida.


[1] O Catecismo Maior nos ensina a dizer: Sou criatura de Deus (CMa II 13). Martinho Lutero usa a palavra criatura com frequência em seus escritos para enfatizar a relação entre o Criador e a criatura. Criatura expressa o entendimento cristão subjacente de que toda a vida existe devido a Deus e sob Deus, o Criador e Senhor da vida. Também nos lembra que, como criaturas, pertencemos a Deus, que nos criou e nos ama, e não a nós mesmos. Dependemos dele e devemos prestar contas a ele. Ou seja, em contraste com a perspectiva de que toda a vida é resultado de uma série aleatória de eventos e a ideia de que definimos nossa própria existência. Por essas razões, nesta explicação, às vezes é usada a expressão criatura humana como sinônimo de ser humano ou pessoa.

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