A Epifania marca o encerramento do período natalino, tendo raízes profundas na tradição da Igreja Oriental. Neste dia especial, conhecido como o “Dia da Luz”, a igreja celebra tanto o nascimento quanto o batismo de nosso Senhor. Como bem destaca Just,
“a Epifania e o Natal estão intimamente ligados pelo tema da luz. A luz traz clareza em meio à escuridão. A luz de Cristo, que nasceu em Belém, agora brilha durante todo o período da Epifania, quando o menino Jesus se manifesta a nós como o Messias e o Salvador. No tempo do Natal, o Advento prepara o clímax do Natal, que continua no período da Epifania.”
Na tradição ocidental, a igreja escolheu destacar a visita dos Magos como o ápice da Festa da Epifania após a decisão de celebrar o Natal em 25 de dezembro. Esta festa, uma das mais antigas do ano litúrgico, é tradicionalmente celebrada no dia 6 de janeiro. Inicialmente, a Epifania era observada como o nascimento de Jesus, fundamentada em uma teoria antiga que vinculava sua morte em 6 de abril, resultando no dia de seu nascimento nove meses após sua concepção, ou seja, em 6 de janeiro.
Estudiosos sugerem que a celebração da Epifania teve origem no segundo século, sendo praticada inicialmente na Ásia Menor e no Egito. Assim como o Natal, sua data encontra inspiração em um antigo festival pagão de solstício, que foi substituído por práticas cristãs.
O período da Epifania, com sua riqueza simbólica, desvenda a identidade do Menino desde o batismo de Jesus nas águas do Jordão, quando o Pai proclama com amor: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (Mateus 3.17). Essa jornada culmina na Transfiguração, onde a igreja vislumbra a glória da ressurreição na majestade de Cristo no topo da montanha, enquanto o Pai reafirma suas palavras do batismo: “este é o meu Filho amado, em quem me agrado; escutem o que ele diz!” (Mateus 17.5). Assim, a Epifania é envolta da voz do Pai proclamando Jesus como o Filho.
Ao longo desse período, somos conduzidos pelos ensinamentos e milagres de Jesus, revelando que o Criador veio à sua criação para inaugurar uma nova era. O primeiro milagre, a transformação da água em vinho no casamento em Caná, simboliza a manifestação da glória do Senhor durante a Epifania. Esse evento, nunca antes testemunhado, retrata o Messias encarnado, o noivo que se aproxima de sua noiva, anunciando que a celebração sem fim está prestes a começar. Essa festa eterna, simbolizada pelo casamento divino, revela o amor sacrificial do Cordeiro-Redentor por sua noiva, o povo de Deus.
Assim como no Natal, a cor da Epifania é branca, a cor da divindade, pureza e alegria. O Primeiro Domingo após a Epifania geralmente é celebrado como o Batismo de Nosso Senhor. Quando isso ocorre, os paramentos brancos continuam a ser usados. Na véspera do Terceiro Domingo após a Epifania, os paramentos são trocados para verde, já que esses domingos, até a véspera da Transfiguração, são considerados “tempo comum”. Para a Festa da Transfiguração, os paramentos são novamente trocados para branco.
BIBLIOGRAFIA
JUST, Arthur A. Heaven on Earth: The Gifts of Christ in the Divine Service. S. Louis: Concordia Publishing House, 2008
MAXWELL, Lee A. Altar Guild Manual: Lutheran Service Book Edition. S. Louis: Concordia Publishing House, 2008
REED, Luther D. The Lutheran liturgy: a study of the Common Service of the Lutheran Church in America. Philadelphia: Muhlenberg Press, 1947
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