Reconhecemos o pecado em nossas vidas ao nos examinarmos de acordo com os Dez Mandamentos. O pecado pega um dom que Deus nos deu e o utiliza de uma maneira que ele não deseja. Cada mandamento também nos ensina como os dons de Deus são usados para sua honra e glória. Este estudo irá ajudá-lo a estudar os Mandamentos e usá-los em sua vida diária
1º Mandamento: Eu sou o Senhor, teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim. O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de todas as coisas.
Eu, somente eu, sou Deus, teu Senhor; todos os ídolos devem ser abominados. Confie em mim, vá corajosamente ao meu trono, ame-me sinceramente sozinho. Tem misericórdia, Senhor!
Quando o coração está certo em Deus, todos os outros mandamentos fluem naturalmente. A quebra de um mandamento revela que o coração humano, por sua natureza, está distante de Deus. Fomos criados para pertencer a ele, e ele se revelou a nós por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Qualquer coisa que reivindique nossa máxima lealdade, esperanças, ou afeto, isso se torna nosso deus, ocupando o lugar que pertence exclusivamente a Deus em nossas vidas. Através da Palavra e dos Sacramentos, o Espírito Santo opera em nossos corações um verdadeiro temor, amor e confiança em Deus acima de todas as coisas (Isaías 42.8; Mateus 4.10; Provérbios 11.28; Salmo 118.8; João 14.15; Filipenses 2.13).
2º Mandamento: Não tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a feitiçaria, mentir ou enganar; mas devemos invocá-lo em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer.
Não desonres meu santo nome, não menosprezes minha palavra de verdade. Louva apenas aquilo que eu mesmo digo e faço. Tem misericórdia, Senhor!
O Senhor nos deu um grande tesouro quando fomos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O nome do nosso Senhor está acima de qualquer outro nome, no céu ou na terra. Com o nome de Deus, vem o seu poder para salvar. Usar o nome da Santíssima Trindade como uma palavra de maldição, ou jurar por ela para propósitos desonestos ou frívolos, ou usá-la para enganar as pessoas sobre sua Palavra, é pecado. Como é bom saber que podemos invocar o nome do Senhor a qualquer momento e em qualquer situação da vida, para qualquer necessidade. Porque o Senhor abre nossos lábios, declaramos seu louvor enquanto oramos e agradecemos em seu santo nome. (Êxodo 20.7; Levítico 24.15; Tiago 3.9-10; Levítico 19.12; Jeremias 23.31; Salmo 50.5; Salmo 103.1; Efésios 5.20; Filipenses 2.10–11).
3º Mandamento: Santificarás o dia do descanso.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar a pregação e a sua palavra; mas devemos considerá-la santa, gostar de a ouvir e estudar.
Celebra o dia de culto, para que a paz encha tua casa; ora e deixa de lado o trabalho que fazes, para que Deus possa trabalhar em ti. Tem misericórdia, Senhor.
Deus nos abençoou com o dom de sua Palavra. Honramos a Deus quando ouvimos de boa vontade a Palavra de Deus pregada e a consideramos sagrada. Também honramos a Palavra de Deus quando a usamos em nossa oração diária. Às vezes, somos tentados a pensar: “Posso ser cristão sem ir à igreja”. Isso é tão verdadeiro quanto dizer: “Não preciso comer hoje para viver”. Mas por quanto tempo podemos viver sem comer? Podemos ir à igreja porque Deus está agindo em nós com seus dons, para que consideremos sua Palavra sagrada e a ouçamos e aprendamos de bom grado. (Atos 2.42,46; Hebreus 10.25; Mateus 12.8; Colossenses 2.16-17; Hebreus 4.9-10; João 8.47; Lucas 10.16; Isaías 66.2; Salmo 26.8; Atos 2.42; Colossenses 3.16).
4º Mandamento: Honrarás a teu pai e a tua mãe, para que vás bem e vivas muito tempo sobre a terra.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar, nem irritar nossos pais e superiores; mas devemos honrá-los, servi-los, obedecer-lhes, amá-los e querer-lhes bem.
Deves honrar e obedecer a teus pais e mestres todos os dias, servi-los em tudo que estiver ao teu alcance; então, viverás muito tempo na terra. Tem misericórdia, Senhor!
Deus nos deu pais, pastores e outras autoridades para o nosso bem. Eles servem como seus representantes. Por meio deles, Deus nos abençoa ricamente, e nosso mundo, com autoridade ordenada, ao contrário do caos que o pecado traz. Ao honrar pais e outras autoridades, honramos a Deus. (Provérbios 23.22; Romanos 13.2; Efésios 6.2-3; 1Timóteo 5.4; Romanos 13.7; Colossenses 3.20; Tito 3.1; Provérbios 23.22).
5º Mandamento: Não matarás.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não causar dano ou mal algum ao nosso próximo em seu corpo; mas devemos ajudá-lo e favorecê-lo em todas as necessidades corporais. Contenha a ira, não cause dano ou mate, não odeie, não retribua o mal com o mal. Seja paciente e de mente gentil, convença seu inimigo de que você é bondoso. Tem misericórdia, Senhor!
A vida humana é o maior presente da criação de Deus. Não devemos acabar com a vida humana por meio do assassinato, aborto, eutanásia ou suicídio. Preconceito, intolerância e abuso contra os menos afortunados são proibidos. Reconhecemos que podemos “matar” uma pessoa com nossos pensamentos, certamente com nossas palavras e, mais dramaticamente, com nossas ações. Como representante de Deus, o governo tem a autoridade para executar criminosos e travar guerras justas para punir os malfeitores, nos proteger e manter a ordem. À medida que continuamos a receber misericórdia e bondade em Cristo, apoiamos nosso próximo quando precisam de ajuda. (Gênesis 9.6; Mateus 26.52; Jeremias 1.5; Provérbios 31.8; Mateus 5.22; 1João 3.15; Efésios 4.26; Romanos 13.4).
6º Mandamento: Não cometerás adultério.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, viver uma vida casta e decente em palavras e ações, e cada qual ame e honre seu consorte.
Seja fiel, mantenha os votos matrimoniais; não permita o pensamento errante. Mantenha toda a sua conduta livre do pecado. Seja autocontrolado e disciplinado. Tem misericórdia, Senhor!
Deus deu o casamento, nossa sexualidade e nossa família como grandes bênçãos. Este mandamento nos confronta quando nossos pensamentos, palavras e ações não estão à altura da pureza sexual que Deus exige tanto para os casados quanto para os solteiros. Deus deseja que todas as pessoas, tanto casadas quanto solteiras, honrem e valorizem o casamento como presente dado por ele. Em Cristo, somos libertos para viver vidas sexualmente puras e decentes e honrar e apreciar o marido ou esposa que Deus nos dá. (Gênesis 2.24-25; Marcos 10.6-9; Hebreus 13.4; Tito 2.11-12; 1Coríntios 6.18; Efésios 5.3-4; 1Coríntios 6.19-20).
7º Mandamento: Não furtarás.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não tirar ao nosso próximo o dinheiro ou os bens, nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios fraudulentos; mas devemos ajudá-lo a melhorar e conservar os seus bens e o seu meio de vida.
Não roubarás ou enganarás o que os outros trabalharam noite e dia para conquistar, mas abra generosamente a mão para alimentar os pobres na terra. Tem misericórdia, Senhor!
Tudo o que temos é um presente de Deus, uma confiança dada por ele para ser usada em sua honra e glória. Isso se inverte quando fazemos o que for necessário para obter o que queremos. Os cristãos são guiados pelo Espírito de Deus para não roubar ou enganar, mas sim fazer o necessário para ajudar os outros a manter e melhorar o que é deles. (Efésios 4.28; Filipenses 2.4; Hebreus 13.16; 1João 3.17).
8º Mandamento: Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não mentir com falsidade, trair, caluniar ou difamar o próximo; mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira.
Jamais seja uma testemunha mentirosa, nem manche tua língua com calúnias. Abraça a causa da inocência, protege o caído da desgraça. Tem misericórdia, Senhor!
A boa reputação que desfrutamos é mais um presente de Deus. Para alguns, Deus confere a responsabilidade de julgar comportamentos e punir malfeitores. No entanto, se essa não é nossa vocação, não temos o direito de difamar a reputação alheia. Temos o dever de falar sobre indivíduos ou situações de maneira que construamos a melhor perspectiva sobre eles, expressando-nos com gentileza. Assim como Deus nos trata com bondade, misericórdia e compaixão por meio de Cristo, nosso Senhor, devemos seguir esse exemplo (Efésios 4.25; Tiago 4.11; 1Coríntios 13.7; 1Pedro 4.8).
9º Mandamento: Não cobiçarás a casa do teu próximo.
O que significa isso? Devemos temer e amar e Deus e, portanto, não pretender adquirir, com astúcia, a herança ou a casa do próximo, nem nos apoderar dela sob aparência de direito; mas devemos ajudá-lo e servi-lo para conservá-la.
10 Mandamento: Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem os seus empregados, nem o seu gado, nem coisa alguma que lhe pertença.
O que significa isso? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não apartar, desviar ou aliciar a mulher do próximo, os seus empregados ou o seu gado; mas devemos aconselhá-los para que fiquem e cumpram o seu dever.
A porção do lote do teu próximo, seus bens, sua casa, sua esposa, não deseje. Ore a Deus para abençoar seu próximo, assim como você deseja sucesso para si mesmo. Tem misericórdia, Senhor!
Contentar-se com os dons materiais que Deus nos deu é o tema destes dois últimos mandamentos. O Senhor proverá todas as nossas necessidades. Temos a liberdade de auxiliar nosso próximo, expressar bons desejos, regozijar-nos com sua prosperidade ou apoiá-lo em momentos difíceis. Assim como Cristo nos serve, também estamos aqui para servir aos outros. Ao seguir esses mandamentos, retornamos ao primeiro, pois um coração que teme, ama e confia em Deus encontra contentamento nos dons divinos. (Romanos 7.8; 1Timóteo 6.8-10; Filipenses 4.11; 1Timóteo 6.6; Hebreus 13.5).
Como Deus usa os Dez Mandamentos em nossas vidas?
Você tem esta lei para ver nela que não tem sido livre do pecado, mas também para ver claramente como a vida deve ser pura para com Deus. Tem misericórdia, Senhor!
Senhor Jesus, ajude-nos em nossa necessidade; Cristo, Tu és verdadeiramente nosso intercessor. Nossas obras, quão pecaminosas, manchadas, injustas! Cristo, Tu és nossa única esperança e confiança. Tem misericórdia, Senhor!
Os Dez Mandamentos nos levam a nos fazer as seguintes perguntas: Eu temo, amo e confio em algo ou alguém acima do Deus Triúno? Eu honrei o nome do Senhor com os meus lábios e minha vida? Eu alegremente mantive sua Santa Palavra, ouvi atentamente a pregação dessa Palavra e a utilizei em minha vida diária? Eu honrei e obedeci todas as autoridades colocadas sobre mim? Eu mantive a pureza do meu casamento e da minha vida sexual em meus pensamentos, palavras e ações? Eu roubei propriedade ou não ajudei meu próximo a proteger a sua? Eu fofoquei, seja ouvindo ou espalhando fofocas? Eu fui contente com tudo o que o Senhor me deu?
A Lei é um reflexo cegante do nosso pecado. A Lei de Deus é o que o Espírito Santo usa para nos fazer perceber o quanto precisamos do perdão que Cristo conquistou para o mundo e agora distribui por meio da sua Palavra e Sacramentos. O Espírito Santo nos chama pelo Evangelho a nos voltarmos para Cristo Jesus, que é a nossa única esperança, pois ele cumpriu a Lei perfeitamente por nós e morreu para que nosso pecado fosse perdoado. Através de Sua ressurreição da morte, Ele venceu a morte. Em Cristo, fomos adotados como os queridos filhos do Senhor.
Portanto, Deus usa Sua Lei de três maneiras: primeiro, como uma contenção, pela qual os acessos de pecado são controlados. Segundo, e mais importante, como um espelho, para nos mostrar nosso pecado e nossa necessidade de um Salvador. E então, como um guia, para nos ensinar o que é agradável a Ele. Vivendo no perdão conquistado por Cristo, ao longo de nossas vidas, oramos: “Tem misericórdia, Senhor!”
* Os versos em itálico neste estudo são do hino de Martinho Lutero sobre os Dez Mandamentos, Here Is the Tenfold Sure Command, Hino 331 do Hinário Luterano da Lutheran Church – Missouri Synod (St.Louis: Concordia Publishing House, 1982).
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