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O altar: lugar para o banquete - Arthur Just

Foto do escritor: Serviço DivinoServiço Divino
Na noite em que foi traído, Jesus instituiu a Santa Ceia no contexto da refeição da Páscoa. Nunca devemos esquecer que a celebração da Santa Ceia é, primeiramente e acima de tudo, uma refeição em que - como num banquete - comemos o corpo e o sangue de nosso Senhor no, com e sob o pão e o vinho. As primeiras celebrações da Santa Ceia ocorreram no contexto de uma refeição que seguia o modelo da Páscoa, e somente quando havia abusos na celebração da ceia, como em Corinto, os cristãos deixaram de usar a ceia como o quadro de suas celebrações eucarísticas. O local onde inicialmente se celebrava a Santa Ceia era uma mesa, porque a Santa Ceia é exatamente isso, uma ceia. Posteriormente, durante a Idade Média, para a Igreja Romana, a Santa Ceia se tornou um sacrifício sem derramamento de sangue que exigia um altar para oferecer este sacrifício - ponto de vista sobre a Santa Ceia que foi uma das razões para o chamado de Lutero à reforma da igreja. Hoje em dia, comumente chamamos o lugar de nossa celebração da eucaristia de altar porque Cristo, nosso sacrifício pascal, é oferecido a nós como um presente de Deus no pão e no vinho. Como alguns diriam, é Cristo como sacrifício (substantivo) e não nosso sacrificar a Deus (verbo) que distingue a Santa Ceia como o sacrifício de Cristo dado como presente e o Cristo sacrificado para aplacar a Deus. Quando nos reunimos ao redor da mesa/altar, é sempre para receber das mãos de Deus a dádiva do próprio corpo e do próprio sangue de seu Filho, oferecido no Calvário como sacrifício pelos pecados. Esta dádiva tem sido o ponto culminante da liturgia cristã desde os tempos dos apóstolos.
            Portanto, o altar sempre foi o foco da atenção na arquitetura da igreja. Ao entrar no templo, nossos olhos devem imediatamente se voltar para o altar. A maioria das igrejas ainda é construída seguindo o modelo da basílica, no qual se entra pelo nártex e se vê no final de um longo corredor um altar, geralmente elevado no extremo leste da igreja. Há uma razão importante para essa disposição do espaço, embora, nos últimos anos, muitos tenham mudado essa forma tradicional por diversas disposições, como a circular, onde o altar está no centro da igreja e as pessoas ao seu redor. A vida cristã é uma jornada que vai desde a pia batismal até o céu, e as igrejas cristãs que foram construídas com uma pia batismal no nártex e com um altar no final de um longo corredor representam essa jornada a cada culto, quando os batizados avançam da pia ao altar, à antecipação do banquete celestial, à nova Jerusalém que nos aguarda ao comungarmos em Cristo com os anjos, arcanjos e toda a companhia celestial.
Todo culto atravessamos o limiar que vai da terra ao céu quando mergulhamos nossos dedos na pia batismal do nártex, fazemos o sinal da cruz que nos marca como propriedade de Cristo e lembramos nossa entrada em sua vida que não tem fim. Então seguimos para o altar e para a nova Jerusalém, ouvindo as palavras de Cristo enquanto avançamos pelo caminho, enquanto ele nos conta a história da jornada de nossa família desde o Antigo Testamento, a Epístola e o Evangelho. Estamos cercados por essa grande nuvem de testemunhas que sobem conosco ao ouvir a palavra de Deus lida e proclamada e ao prosseguir conosco para a festa dos manjares, o próprio alimento do Salvador crucificado e ressuscitado. Avançar da pia batismal para o altar acompanhado pela Palavra de Deus é o ritmo da vida do cristão que já vê agora em sua peregrinação um vislumbre de seu destino final: a Jerusalém celeste.
Nártex é o equivalente a um espaço especial na entrada do templo. Na foto, pode-se ver a entrada da Capela do Seminário Teológico Concordia de Fort Wayne.
Portanto, o altar é o lugar mais sagrado da igreja. É o lugar santíssimo, adornado com reverência, reconhecido por todos pelo que é, uma antecipação da festa vindoura. É tanto mesa quanto altar, e por isso os elementos usados para alimentar o povo de Deus com alimento sagrado são necessários. Mas todos os outros elementos desnecessários, como flores e velas excessivas, distraem dos elementos essenciais. O livro dos evangelhos e os recipientes sacramentais são decorações suficientes. O altar deve fazer o que todas as coisas sagradas fazem: não apenas convidar as pessoas a virem e comerem o banquete, mas também adverti-las de que estão entrando em terra santa. Captar esse sentido de acessibilidade e distância exige uma imaginação arquitetônica que é concedida a muito poucos.
Tentativas recentes de deslocar os altares das parede e torná-los independentes têm o potencial de captar a mesa como acolhedora e o altar como imponente. Os pastores que presidem nos altares independentes podem enfatizar as coisas que são sacrifícios, ou seja, onde eles, em Cristo, participam com o povo ao louvar e agradecer a Deus, e também as coisas que são sacramentais, ou seja, onde eles falam por Cristo, em seu lugar e por seu mandato. O Ofertório marca a parte do serviço onde os pastores vão atrás do altar para proclamar - desde o Prefácio até a Despedida - os dons que o Senhor dá de si mesmo no pão e no vinho. E se a Distribuição da Santa Ceia aos fiéis reflete a hospitalidade de um Deus que nos convida a jantar com ele agora e pela eternidade, então a mesa/altar se torna o local de uma celebração sem fim. A Palavra e a Ceia são a festa de vitória de nosso Deus. Aleluia!

Fonte: Just, Arthur. Heaven on Earth: The Gifts of Christ in the Divine Service.

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