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A Elevação do Sacramento

Foto do escritor: Rev. Filipe Schuambach LopesRev. Filipe Schuambach Lopes

Recebi uma pergunta no site da nossa Igreja sobre a prática da elevação, que envolve elevar o corpo do Senhor e depois ajoelhar-se diante dele; e então o sangue de nosso Senhor é elevado, seguido pelo ato de ajoelhar-se diante dele. O jovem quis saber um pouco sobre a origem e o significado desta cerimônia. Achei que valeria a pena compartilhar minha resposta:


Onde os luteranos continuaram a prática da elevação, ela teve o significado de uma confissão da presença real do corpo e do sangue de nosso Senhor. Lutero falou sobre isso desta forma:

Rev. Pedro Pinheiro em seu Culto de Ordenação ao Santo Ministério
"A elevação não queremos abolir, mas preservar, por combinar muito bem com o Sanctus alemão, significando que Cristo ordeou o rememorá-lo. Pois assim como o Sacramento é elevado fisicamente e nele, não obstante, não é visto o corpo e sangue de Cristo, assim a palavra da pregação o rememora e o eleva, sendo confessado e glorificado com a recepção do Sacramento; mesmo assim tudo é compreeendido na fé, sem que se veja como Cristo deu seu corpo e sangue por nós [e mesmo agora diariamente os mostra e oferece diante de Deus para obter graça para nós]".

A prática foi abolida em Wittenberg antes da morte de Lutero, e ele fala dela de forma diferente em momentos diferentes. Onde ela realmente entrou em vigor e se consolidou foi no Brandemburgo luterano, onde no século XVII o príncipe tentou contrabandear o calvinismo. Os luteranos ali insistiram na elevação como confissão vital da presença real do Corpo e Sangue de Nosso Senhor e até acrescentaram algumas palavras à ação:

"Querido cristão, isto é o verdadeiro corpo do teu Senhor, nascido de Maria, e isto é o verdadeiro sangue de Cristo, derramado por você na cruz."

Isso foi chamado de Ostentatio. Os calvinistas, é claro, protestaram vigorosamente contra essa prática.


Em nossos dias, a elevação com a adoração do corpo e sangue do Senhor é um belo protesto contra o “recepcionismo” que ensina erroneamente que as palavras todo-poderosas de nosso Senhor não afetam sua presença até que o pão e o vinho sejam consumidos. Em vez disso, as Confissões Luteranas, citando São João Crisóstomo, falam do corpo de nosso Senhor repousando sobre todos os altares da cristandade! Assim, ajoelhamo-nos diante d’Aquele a quem todo joelho se dobrará e toda língua confessará, e confessamos – como diz Lutero – que embora oculto aos nossos olhos, ele está presente em seu corpo e sangue entre nós, assim como ele prometeu.



A propósito, a prática não é antiga, mas medieval. Surgiu nos séculos anteriores à Reforma, onde era considerada o ponto alto da Missa – o momento em que o “sacrifício” era oferecido ao Pai. Isso explica a ambivalência luterana em relação à prática. Se assim posso dizer, não elevamos o Sacramento na Igreja Luterana para que o sacrifício seja elevado para Deus ver (Cristo se apresenta ao Pai incessantemente como nosso sacrifício), mas para que o povo possa o ver e o adorar.


 

Artigo traduzido e adaptado por Rev. Filipe Schuamabach Lopes de On the Elevation escrito pelo Rev. William Weedon e publicado em seu blog, disponível em https://weedon.blogspot.com/2007/11/on-elevation.html . A citação de Lutero sobre a elevação se encontra nas Obras Selecionadas, volume 7, p. 198.

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