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A Liturgia Luterana: Confessional e Ecumênica

Foto do escritor: Serviço DivinoServiço Divino

A liturgia, ou Culto Divino da Igreja Evangélica Luterana, fornece um veículo modelo para que uma congregação expresse e celebre sua fé. A liturgia centraliza o foco em Jesus Cristo e então amplia-se sobre a mensagem do que ele tem feito e a esta mensagem responde. O Ordem de Culto Divino (após a invocação preparatória, a confissão e absolvição) pode ser dividido em duas partes: o Ofício da Palavra e o Ofício da Santa Ceia. O Ofício da Palavra está centrado na proclamação da Palavra de Deus através das leituras bíblicas e da exposição da Escritura no sermão. Esta proclamação da Palavra é envolta por orações, salmos, hinos e cânticos e pelo Credo. O Ofício da Santa Ceia está centrado na proclamação e recepção do Sacramento, novamente emoldurado por orações, hinos e cânticos. Estes itens que formam a estrutura da liturgia, não são um conjunto de formalidades mecânicas para serem recitadas apropriadamente, mas canais vivos da Palavra de Deus para seu povo e da resposta deles para Deus em oração, ações de graças e louvor. Através da repetição dos textos litúrgicos, estas palavras tornam-se nossas e muito mais nos assistem em nossa vida diária de liturgia quase da mesma maneira como nossa recitação da Oração do Senhor.

O Culto Luterano, com seu cântico inicial de louvor, ilustra como um culto pode conservar as riquezas que nos foram transmitidas, bem como fazer uso de toda a variedade possível. A comunidade cristã reunida para o culto sempre tem se juntado em hinos de louvor (apesar de que, nos períodos de arrependimento, o louvor pode ser substituído). Para o propósito de louvor, o princípio do Ofício da Palavra da Ordem de Culto Divino I contém um arranjo do histórico Gloria in Excelsis, enquanto a Ordem de Culto II contém não somente uma diferente tradução e arranjo musical do Glória, mas a opção do cântico “worhy is Christ” (“Digno é Cristo”), composto no século XX. A Ordem de Culto Divino III, no lugar do Gloria, oferece a opção de dois hinos de louvor da época da Reforma. As “Notes on the Liturgy” (“Comentários sobre a Liturgia”) no “Altar Book” (“Livro de Altar”) fornece outras opções para os diversos períodos do ano da Igreja. Opções similares e alternativas são oferecidas para o Kyrie, o Ofertório e o Nunc Dimitis.

O conteúdo de todos estes hinos e cânticos é bíblico e cristocêntrico; e a oração e a poesia são de um alto nível. Não é fácil encontrar hinos de igual força e valor que pudessem substituir adequadamente estes cânticos ou outros cânticos litúrgicos que a igreja compôs ao longo dos séculos. Seu uso, no entanto, não pode ser ordenado, mesmo sendo elevada seja sua qualidade e longa sua história. A forma do Culto Divino é meramente o receptáculo que traz a Palavra e o Sacramento de Deus para a congregação. Ainda assim, o pastor luterano faz bem ao lembrar que as músicas e cânticos da liturgia foram desenvolvidos e selecionados porque eles realmente trazem à congregação adoradora a mensagem bíblica e centrada em Cristo - que a igreja luterana se compromete a proclamar. Ao longo do tempo, uma fé crescente é nutrida imensuravelmente através da repetição destes textos.

A liturgia da Igreja Evangélica Luterana não é propriedade exclusiva dos luteranos. É ecumênica em caráter; porções dela tem sido usadas na igreja por mais de 1800 anos. Isto tem resistido ao teste do tempo como uma maneira apropriada para trazer a Palavra e os Sacramentos ao povo de Deus. Os reformadores luteranos, no século XVI, não romperam com o passado. Embora eles tenham mudado ou suprimido partes da Missa Romana a fim de fazer com que o culto ficasse em conformidade com o Evangelho, eles retiveram os cânticos históricos, bem como os antigos padrões da liturgia. Como a Confissão de Augsburgo enfatiza, os luteranos viam-se a si próprios como herdeiros das práticas de culto do Antigo Testamento e da Igreja Primitiva. Diferente dos reformadores calvinistas, eles não buscaram ignorar um milênio e meio de história da igreja numa tentativa de retornar a uma suposta simplicidade apostólica de pureza primitiva. Eles sabiam que eles próprios ficariam mais ricos por causa daquela história e então fizeram todo empenho para preservar qualquer coisa que fosse útil em meio a todas as riquezas da história e da liturgia cristãs.

Como os luteranos de hoje atingem povos de diferentes línguas, diferentes culturas e diferentes tradições musicais com a Palavra e o Sacramento, eles precisam lembrar que o conteúdo da liturgia luterana, com sua estrutura de Ofício da Palavra/Ofício da Santa Ceia, não é nem particularmente germânica nem europeia. Apenas os arranjos musicais são produtos de uma tradição notadamente ocidental e (como as opções dentro do Lutheran Worship sugerem) arranjos musicais são variáveis de acordo com os gostos e preferências da congregação individual. As leituras bíblicas, os cânticos, as orações e a liturgia da Santa Ceia não são provenientes de nenhuma cultura e nem estão limitadas a qualquer uma delas; elas são ecumênicas e universais.


~ MUELLER, N.H. & Kraus G. Pastoral Theology


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